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Fatos para relembrar e comemorar (outros nem tanto) no esporte olímpico em 2019

A retrospectiva 2019 do esporte olímpico brasileiro em 2019 é marcada por momentos de muita alegria e outros nem tanto. Que venham os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

A participação do Brasil no Pan de Lima foi um dos grandes momentos do país na retrospectiva do esporte olímpico (Crédito: Jonne Roriz/COB)

É sempre a mesma história. A menos de 30 horas para um novo ano, a inevitável vontade de fazer um balanço de tudo que passou nos últimos 12 meses chega com força total. Aqui no blog não é diferente. Em 2019, não faltou assunto no esporte olímpico, especialmente no Brasil. Tanto aqueles que merecem ser festejados como os de triste memória.

Reveja aqui uma breve retrospectiva 2019 dos fatos que valem a pena comemorar e aqueles para esquecer no esporte olímpico de 2019, já esquentando as turbinas para Tóquio-2020:

O que foi legal em 2019

1) Nenhuma retrospectiva olímpica que se preze não pode deixar de começar relembrando a incrível participação do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019. Por mais que o Pan há muito tempo tenha perdido sua grande relevância esportiva, ainda é um ótimo termômetro para medir os atletas e equipes antes da festa principal, que será nos Jogos de Tóquio.

E o Brasil não decepcionou. Com uma campanha considerada histórica, ficou em segundo lugar no quadro geral de medalhas, atrás apenas dos Estados Unidos. Um feito que não alcançava desde a edição de 1963, realizada em São Paulo. E ainda por cima com recorde de medalhas (168) e de ouros (54).

2) O próprio Pan de Lima merece aplausos. Depois de vários pontos de interrogação, questionando se o Peru, envolvido numa grave crise política e econômica, conseguiria entregar o evento, os Jogos Pan-Americanos saíram quase irretocáveis. Um Pan do tamanho que a competição tem atualmente, com arenas funcionais e sem grandes problemas de organização, abraçado pelos peruanos com empolgação. Para

3) O ano de 2019 consagrou o esporte feminino olímpico do Brasil. Das sete medalhas de ouro em Mundiais ou eventos similares computados pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) este ano, quatro vieram com as mulheres. Nathalie Moelhousen, na esgrima (espada); Bia Ferreira, no boxe (60 kg); Pamela Rosa, no skate (street); e a dupla campeã olímpica Martine Grael e Kahena Kunze (49er FX), que venceram o evento-teste da vela em Tóquio.

4) A temporada que está terminando também ficou marcada por feitos inéditos entre os homens. Foram os casos de Arthur Nory (ouro na barra fixa no Mundial de ginástica artística de Stuttgart-ALE) e Isaquias Queiroz (primeiro ouro no Mundial de canoagem velocidade em prova individual, a C1 1000 m).

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5) Nos esportes coletivos, o ano trouxe boas coisas para o esporte brasileiro. O vôlei, por exemplo, assegurou com as equipes feminina e masculina as respectivas vagas nos Pré-Olímpicos para Tóquio-2020. No handebol masculino, o Brasil fez uma campanha surpreendente no Campeonato Mundial, ficando em 9º lugar. O basquete feminino, que estava relegado a segundo plano, renasceu após a medalha de ouro no Pan de Lima e ótima campanha no Pré-Olímpico das Américas, que deixou boas perspectivas de classificação no Pré-Olímpico mundial, em fevereiro. A seleção masculina fez boa campanha no Mundial da China, com direito a uma vitória histórica diante da Grécia, mas vacilou diante da República Checa e caiu em um grupo complicado no Pré-Olímpico mundial

6) O renascimento do atletismo brasileiro. Temos pela primeira vez um atleta com chances reais de brigar por medalha no arremesso do peso, Darlan Romani. Além disso, uma geração de velocistas talentosos que formam um time respeitável no revezamento 4 x 100 m, com destaque para um nome que ainda vai dar o que falar, Paulo André Oliveira. E o ano ainda teve um grande campeão mostrando que tem potencial para voltar a repetir seu grande momento, Thiago Braz, no salto com vara.

7) A reafirmação de Hugo Calderano como um dos principais nomes do tênis de mesa mundial. Em um esporte dominado quase exclusivamente por um país (China), é notável que o Brasil tenha um atleta que é o sexto melhor do mundo. Com um pouco de sorte nos cruzamentos em Tóquio, quem sabe não pinta uma medalha olímpica inédita?

O que não foi legal em 2019

Ninguém pense que o ano que se encerra foi leve para o esporte olímpico. Longe disso. Ao lado dos momentos de vitórias, algumas passagens nada agradáveis.

Por exemplo, o doping continua sendo uma praga para o esporte de modo geral. Em dezembro, por exemplo, a Rússia teve recomendada sua suspensão pela Wada (Agência Mundial Antidoping) por quatro anos, por insistir em fraudar os dados do laboratório antidoping do país. Os russos prometeram recorrer ao CAS (Corte Arbitral do Esporte) para tentar atenuar a pena. O COI (Comitê Olímpico Internacional), ainda não se manifestou.

O doping também segue como uma dor de cabeça para o esporte brasileiro. Diversos casos positivos no ciclismo nacional minam a credibilidade da modalidade por estas bandas. E nem atletas badalados escaparam este ano. Causou espanto o resultado positivo da judoca campeã olímpica Rafaela Silva, por contaminação pelo contato com um bebê, que havia ingerido um medicamento que é considerada doping. Ou de Andressa de Morais, do lançamento do disco e uma das boas apostas do atletismo para Tóquio. Ambas perderam suas medalhas  (ouro e prata, respectivamente) conquistadas no Pan de Lima.

Por falar em judô, o tradicional carro-chefe brasileiro em Olimpíadas terminou a temporada com o sinal amarelo piscando forte. Embora tenha conquistado duas medalhas no Mundial do Japão (com Rafaela Silva e Mayra Aguiar), os resultados de modo geral na temporada, especialmente no masculino, deixaram a desejar.

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Também não deixaram saudades os perrengues financeiros que atletas e confederações sofreram em 2019. Atraso na liberação do Bolsa Atleta, entidades perdendo patrocínios e tendo problemas para fechar as contas – a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) praticamente decretou falência, trocou seu presidente e criou um plano de emergência para sobreviver. Há confederações com dívidas federais que as impedem de receber recursos públicos – a de handebol é uma delas, que sobrevive recebendo repasses específicos via COB.

E o próprio Comitê Olímpico andou metendo os pés pelas mãos ao tentar impor, por demanda do presidente Paulo Wanderley, alterações polêmicas no estatuto, que enfraqueceriam a transparência da entidade. As propostas foram derrotadas, com ampla participação da Comissão de Atletas.

O episódio também fez nascer o desejo de se criar uma chapa de oposição para as eleições de 2020. Samy Arap, ex-presidente da CBRu (Confederação Brasileira de Rúgbi), membro do Conselho de Ética, é um dos cotados para encabeçar a chapa. Seria a primeira vez que haveria uma eleição “de fato” no COB em 40 anos!

Na contabilidade deste balanço, não há dúvida de que foi um ano empolgante e que traz sim boas perspectivas para o que teremos pela frente em Tóquio.

Feliz Ano Olímpico a todas e todos!

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