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Casal de porta-bandeira resolve igualdade de gênero, COI?

É válida ideia de casal de porta-bandeira na abertura em Tóquio. Mas problemas no esporte feminino são muito maiores

A Olimpíada de Inverno de 2018 teve uma experiência com um casal de porta-bandeira da Coreia (Crédito: COI)

Na primeira edição seguindo os conceitos aprovados na Agenda 20+20, a Olimpíada de Tóquio-2020 segue criando fatos novos que possam sinalizar para o mundo que o Movimento Olímpico está se modernizando. Das mudanças mais radicais, como a entrada de modalidades “atraentes” a um público mais jovem, até a propostas que possam mudar antigos paradigmas.

Se a chegada de esportes com um viés mais jovem, como surfe, skate ou escala esportiva têm potencial para mostrar uma próxima Olimpíada com menos cheiro de mofo, o COI (Comitê Olímpico Internacional) ainda precisa lidar com uma batalha complicada: a igualdade de gênero.

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Felizmente um passo à frente para esta edição foi dado com um aumento no número de eventos femininos e a criação de várias competições mistas. Mas ainda pode melhorar.

Dos 28 esportes fixos no programa esportivo, apenas dez contam com eventos mistos, em duplas ou por equipe. Em sete dos 35 esportes (incluindo aqui os cinco que foram incluídos em Tóquio), as mulheres têm uma quantidade de vagas inferior aos homens.

As maiores discrepâncias se encontram nas lutas. No boxe, são oito categorias masculinas em disputa, contra cinco femininas. No wrestling, a diferença é de 50%: 12 eventos para os homens (entre estilo livre e greco-romano) e apenas seis reservadas às mulheres, todas no estilo livre.

A dívida histórica das Olimpíadas com as mulheres ainda vai demorar a ser quitada. Embora já estivessem presentes desde a segunda edição, em Paris-1900, as mulheres sempre estiveram em minoria.

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E o que falar então das diferenças de salários e premiações em torneios entre homens e mulheres? E a relação nada saudável entre patrocinadores que diminuem sensivelmente os valores dos contratos de atletas que decidiram engravidar. Isso quando aceitar renovar os contratos, bom dizer.

O COI vem trabalhando para que essa conta deixe de ficar negativa. Na Olimpíada Rio-2016, a proporção homem-mulher já passou a ser menor. Foram 6.179 atletas masculinos presentes e 5.059 garotas. Ou seja, 45,01% dos atletas que competiram há quatro anos eram mulheres.

Para Tóquio, o COI determinou que todos os 206 países participantes tenham pelo menos um homem e uma mulher na equipe, o que acontecerá pela primeira vez na história. A meta é chegar com um total de 48,8% de participação feminina numa Olimpíada.

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Como toque final, o comitê executivo da entidade aprovou nesta semana uma mudança no protocolo da cerimônia de abertura. Na festa prevista para o Estádio Olímpico, no dia 24 de julho, os países estão sendo convidados a levar um casal como porta-bandeira.

Não resta dúvida que se trata de um gesto simpático, além de antenado com os novos tempos. Mas convenhamos, combater a desigualdade de gênero no esporte vai muito além de um casal de porta-bandeira. em uma cerimônia de abertura.

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