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Pan 2019

#OTDturista: Dicas de viagem para o Peru – além dos Jogos

Depois de 46 dias ininterruptos de trabalho com os Jogos Pan e Parapan-Americanos, sete dias de turismo para você conhecer o outro lado das terras peruanas. Vem para as dicas de viagem do #OTDturista!

Arte: Giovana Pinheiro

A Olimpíada é Todo Dia e os Jogos Pan e Parapan-Americanos também. Depois da cobertura completa que você acompanhou por aqui com os 46 dias ininterruptos de trabalho, consegui tirar “férias” por 7 dias, junto à duas amigas de infância. O que você vai ver e ler aqui é o roteiro completo de uma viagem que se propôs a conhecer as terras peruanas além de Lima 2019. O OTD traz o lado turista e dicas de viagem para você que ficou com gostinho de quero mais!

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O turismo em todas as sedes dos Jogos da capital já havia sido realizado. O que faltava, então, era poder desbravar as montanhas tão citadas nos roteiros turísticos e, óbvio, conhecer a magia de uma das sete maravilhas do mundo moderno: o Machu Picchu.

Viagem

Foto: Giovana Pinheiro

Do Brasil até Lima é possível achar voos por uma média de R$ 1.400,00, ida e volta, que duram em torno de cinco horas de viagem. A capital tem alguns cenários interessantes para o turismo, mas o destino que escolhi foi: Cusco. Tradicional escolha turística, é verdade. De Lima até Cusco você pode fazer uma viagem de carro, que dura cerca de xx horas, ou optar pelo avião – que é mais confortável, e dura uma hora e dez de viagem, o preço da passagem varia muito, mas gira em torno de R$600 ida e volta. Quando você chega em Cusco já leva um susto. O pouso é dentro das montanhas. O pequeno aeroporto é cercado por pessoas que já te convidam para táxis mais baratos e opções de vans. A verdade é que isso é MUITO comum na cidade inteira. Como Cusco é uma cidade turística, todas as calçadas tem pessoas te oferecendo todos os tipos de serviços: de lojas, à massagens, a restaurantes. Se reconhecem a sua nacionalidade rola até uma abordagem conhecida do seu país.

Impacto dos Jogos

Foto: Reuters/Susana Vera

Escolhemos um hotel muito perto do centro e da famosa Praça de Las Armas: Askha Cusco. Uma ótima opção de tranquilidade e hospitalidade. Fácil por poder fazer tudo que fosse necessário na cidade a pé, foi possível economizar bastante de locomoção. No primeiro dia já fomos recebidas pelo Eduardo, que assistia à Copa do Mundo de Basquete e reconheceu minha mochila de Lima 2019.

Os peruanos se orgulharam muito de receber os Jogos Pan e Parapan-Americanos e todas as vezes que descobriam o porque tinha vindo ao país ficavam alegres e comentavam sobre as inúmeras medalhas que ganhamos. Um guia, que já morou no Brasil, chegava a dizer sempre que nos encontrava na trilha: “Brasil, país mais grande do mundo”.

Opção de roteiro e aclimatação com a altitude 

Muitas pessoas vem até Cusco para passar poucos dias. Optamos por um roteiro um pouco mais ‘tranquilo’- sete dias. Graças a isso, intercalamos o turismo de aventura com passeios mais tranquilos. Não podemos esquecer de um fator muito importante: altitude. Ambientar e aclimatar no país é algo necessário. Dores de cabeça e musculares podem ser frequentes, rs.

Para amenizar os efeitos da altitude os peruanos usam três formas muito comuns: folha de coca, bala de coca e chá de coca. E aqui passa a ser a opção do turista o que prefere. Existem em abundância e de fácil acesso. Eu, por exemplo, não consegui acostumar a mascar a folha, mas só subi montanhas a base de bala o tempo inteiro. Chá todas as manhãs também.

Logo, no primeiro dia: trocamos dinheiro, conhecemos o centro e ficamos mais tranquilas. Compramos o famoso bilhete turístico de 130 soles, que da direito às atrações por um período de 10 dias. Agora sim, a aventura da viagem vai começar!

Vale, antes de tudo, dizer que fechamos os passeios no hotel. Pode ser que tenha ficado um pouco mais caro, mas a facilidade de sair e voltar “de casa”, mais a confiança de não ser enganada, ter refeições incluídas e ter todas as histórias contadas fizeram com que escolhêssemos essa opção. Não nos arrependemos! Valeu a pena!

Vale Sur

Foto: Giovana Pinheiro

 

Nada de cansar nos primeiros dias! Logo, escolhemos começar com um passeio tranquilo. Conhecer o Vale Sur, roteiro consideravelmente novo que abrange a Rota do Barroco Andino. Aqui pudemos conhecer a fundo a história de três igrejas, além de ruínas.

Choclo con Queso – Foto: Adriana Lazarin

Fato curioso e engraçado: aqui eles têm inúmeros tipos de milhos e chamam algo típico como Choclo con Queso, entendemos que era pão com chocolate e queijo, mas na verdade é o milho com uma espécie de queijo minas peruano. Rendeu muitas risadas e o primeiro mico do local.

Laguna Humantay 

Foto: Adriana Lazarin

Aqui o turismo de aventura passou a existir e a viagem ficou treta. Mentira! A vista é incrível, como você pode ver na foto acima. Como o dia estaria encoberto resolvemos visitar um lugar que independia do céu: Laguna Humantay.

Para chegar até o mirante da Laguna foi necessária uma caminhada de 1,5km. Você pode achar pouco, mas é MUITO íngrime, o percurso faz frio e a altitude complica muito a subida. Se você quiser apenas subir de cavalo custa 80 soles e deixa em um ponto que ainda é necessária a caminhada, mesmo que pouca. Foi necessário fazer algumas paradas para lembrar de respirar e ter acesso a linda paisagem. É possível ver a Cordilheira dos Andes ao fundo com neve.

Agradecimento à Pacha Mama – Laguna Humantay – Foto: Giovana Pinheiro

Depois de muitas fotos, o nosso guia nos levou até uma parte da montanha para fazermos um ritual muito comum aos peruanos. Eles agradecem a Pacha Mama (mãe Terra) por tudo que ela oferece e por todos os cenários naturalmente deixados. Eles separam três folhas de coca, agradecem e empilham pedras em cima.

Vale Sagrado 

Salinas Mara – Foto: Giovana Pinheiro

O dia seguinte foi possível sentir as dores musculares começarem a existir. O Advil deveria ter patrocinado nossa viagem, viu? O dia mais tranquilo foi composto pelo Vale Sagrado, que é mais tranquilo, mas possui uns degraus, vale lembrar.

O passeio do Vale Sagrado contempla cinco regiões. Em todas essas fotos abaixo são cenários incríveis, impressionantes e inesquecíveis. A história de cada um dos lugares é muito rica e vale a pesquisa no Google pro post não virar uma enciclopédia, mas o destaque fica para a pequena e bonita paisagem de Ollantaytambo – local inclusive que pegamos o trem para a cidade próxima ao Machu Picchu.

Águas Calientes

Cidade de Águas Calientes, distrito de Machu Picchu – Foto: Giovanna Ghetti

O distrito de Machu Picchu pode ser encontrado e conhecido por Águas Calientes. A cidade é beeeeem pequena e respira o local turístico em tudo. Ficamos em um hotel muito próximo da estação por uma diária e resolvemos dormir na cidade para não desgastar tanto.

Machu Picchu

Foto: Giovana Pinheiro

 

O peruano idolatra Machu Picchu (e Paolo Guerrero, rs) e não é para menos. Considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno, o monumento não decepciona. Machu Picchu é história e cultura do início ao fim. Machu Picchu é a possibilidade de conhecer a cultura inca e a história de um povo tão inteligente.

Eu, especialmente, senti uma energia muito forte e calafrios enquanto ouvia as histórias sempre repletas de: amor, trabalho e sabedoria. O Machu Picchu é o local mais caro do roteiro: gastamos cerca de R$1.000 reais por pessoa só nessa atração, mas vale cada centavo e economia feita para essa experiência. Recomendamos!

O alto valor, não se assuste, contempla: o trem, que é privatizado e bem caro (os peruanos e os turistas reclamam muito disso, inclusive); o hotel; o tíquete de entrada (você precisa escolher horários, a maioria escolhe ver o amanhecer, escolhemos o período da tarde e valeu muito a pena, além de pegar mais vazio que a manhã); o ônibus para subir (U$ 24 dólares ida e volta, muito caro e a única opção se não quiser caminhar 2 horas a mais) e uma guia (exclusiva para o nosso grupo).

O esforço físico para conhecer o Machu Picchu é baixo. O percurso feito para turistas é leve e você sempre vê pessoas de terceira idade fazendo. Claro, que existem também trilhas longas de caminhada e até escalada, mas não foi nossa opção.

Depois de conhecer as histórias e desbravar o Machu Picchu era hora de voltar para o nosso hotel em Lima. Voltamos com o mesmo trem e depois pegamos a van que nos deixou no centro de Lima.

Mercado de San Pedro

Pão de Azeitona com Queijo – Foto: Adriana Lazarin

Já tínhamos passado por três roteiros de esforço físico e optamos por deixar a segunda-feira para “descanso” pré o maior desafio que teríamos (a Rainbow Mountain), que por conta do clima da cidade deixamos para o penúltimo dia. Então resolvemos sair para conhecer o que não tínhamos conhecido de Cusco ainda: o Mercado de São Pedro. Você turista PRECISA conhecer o quanto antes esse lugar!

Aqui as lembrancinhas são mais baratas e a comida honesta e muito, muito, muito em conta. O almoço sai 5 soles, pra você ter noção. É simples, mas esse é o Peru de verdade. Vale citar o pão de azeitona com queijo (que ilustra acima), que é uma boa opção para quem gosta de culinária local, rs.

Rainbow Mountain

Foto: Adriana Lazarin

Chegou o dia esperado: a Rainbow Mountain: 5.200m de altitude. Não ia ser fácil e deixamos a montanha colorida pro final justamente pra tentar pegar um tempo claro. Saímos às 4h da manhã em busca do melhor tempo e deu certo. Ainda conseguimos chegar antes da maior parte, mesmo assim estava cheia.

A vista da montanha colorida compensa, é extremamente bonita. Coisa inimaginável, mas a caminhada é a mais dolorida. Embora mais curta que a da laguna, o frio e o vento castigam bem mais. Ideal se agasalhar bem e respeitar seu limite. É possível subir e descer com cavalo por 60 soles, mais uma vez, deixa em um ponto que ainda é necessária a caminhada, mesmo que pouca.

A cidade de Cusco 

Foto: Giovana Pinheiro

Cusco respira turismo. Em tudo. Todas as pessoas te tratam extremamente bem e se preocupam com a sua boa estadia na cidade. As paisagens são fofas e relembram a história barroca. A cultura cusquenha está presente em danças, praças e ambientes.

Carimbos no passaporte 

Foto: Giovana Pinheiro

Um detalhe muito legal da maioria dos passeios é que é possível carimbar os pontos turísticos que você conheceu em seu passaporte. Então vale muito a pena levar o passaporte sempre que for, além de ser importante pra identificação, pode te render os carimbos. O do Machu Picchu fica grátis após o passeio. Na Laguna, o nosso guia levou o carimbo e após o agradecimento carimbou. Já na Rainbow Mountain tivemos que pagar dois soles pelo carimbo.

Dicas

– Levar roupas de frio por conta do vento
– Vale um óculos de sol pela claridade
– Uma bota pra subir montanha é melhor pra não escorregar
– Prefira sempre usar seus soles ao seu cartão de crédito. Alguns lugares só aceitam dinheiro e, se você for bom de negociação e um legítmo brasileiro, pode descolar alguns descontos.
– Vá além de Cusco e não esqueça Lima. O OTD passou por Lima mas, geralmente, as pesssoas passam por ela somente na conexão dos voos. Separe uns dias para conhecê-la, essa cidade é incrível!- É possível sim fazer Machu Picchu em apenas 1 dia, não sendo necessário dormir em Aguas Calientes. O bate volta não é tão cansativo como dizem.
– Quem é fã de azeitonas não deixe de comer o pão com azeitonas e queijo no Mercado de San Pedro, são os 3 soles mais bem gastos da viagem.
– O bairro de San Blas é a coisa mais fofa que vocês verão em Cusco, aproveitem para passeios e jantares pelas pequenas ruas.
– Contratem guias para contar a história local e principalmente em Machu Picchu.
– Comprem Machu Picchu antecipadamente e os passeios no dia em que chegar.
– Não deixe de experimentar o Choclo com Queso e Chicha Morada
– Se conecte com a natureza e ouça muito os locais. Aprenda a dar mais valor a natureza e tudo que ela nos oferece

Opinião de quem viveu 

Foto: Arquivo Pessoal

Adriana Lazarin: Amei conhecer o Peru! Meu maior medo era não dar conta de todo o esforço físico que estava a minha espera nas subidas às montanhas, já que sou relativamente sedentária e nunca fiz academia na vida. Mas se você for preparado, tomar os devidos cuidados e respeitar o limite do seu corpo, tudo dará certo e, acredite, vai valer a MUITO a pena no final. Foram 7 dias incríveis em terras peruanas. Esqueça tudo o que você sabe sobre o Peru até você chegar lá. Nada que você ouviu se compara com ver toda aquela riqueza de cultura com seus próprios olhos e sentir toda aquela energia na sua própria pele.

Giovana Pinheiro: Fantástico! Cheguei para a viagem cansada e nem imaginava que aguentaria o tranco de um “turismo de aventura”. Eu já estava há mais de 40 dias no Peru e Lima tinha sido minha primeira casa. O encantamento com a parte cultural peruana não poderia ser maior. Machu Picchu precisa ser destino certo de qualquer pessoa que goste de história. Acima disso, de qualquer pessoa que queira se reconectar. O Peru além dos Jogos Pan e Parapan-Americanos não poderia ter sido melhor. Aconselho demais que conheçam e se encantem por tantas ricas paisagens – só não esqueçam o casaco.

Giovanna Ghetti: Machu Picchu sempre esteve na minha lista de lugares que eu precisava conhecer. Sempre imaginei a mágica do lugar mas foi muito pouco perto do que senti em todos os lugares em que estive nestes 7 dias. Cusco fez eu me apaixonar por cada detalhe e os Cusqueños me encantaram de uma maneira única. Nunca me senti tão bem recebida em nenhum outro país que eu tenha ido. Cusco foi um roteiro bem diferente do que eu já fiz. As minhas viagens sempre estiveram baseadas em museus e culinária local. Minha primeira viagem de “aventura” não poderia ter sido diferente. Foi uma viagem para enriquecer a alma. Estou culturalmente apaixonada e energeticamente preenchida depois desses 7 dias. Fui querendo conhecer Machu Picchu e me surpreendi com todos os outros lugares. A Laguna Humantay é maravilhosa e com certeza divide o pódio com Machu Picchu dos meus lugares favoritos no país Peruano. O ponto alto da viagem foi poder dividir tudo isso com minha duas melhores amigas. Foi intenso e com certeza preciso de mais férias para descansar da viagem, mas valeu a pena cada segundo. É uma viagem que tem que estar nas metas de todo mundo.

 

*colaboraram nesse texto Adriana Lazarin e Giovanna Ghetti

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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