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Pan 2019

“Mãe” da irmã, Juma realiza sonho da família em Lima 2019

A perda da mãe fez com que Juma assumisse o papel materno para a irmã, o que mudou sua vida completamente

Divulgação

Realizar o seu sonho e o de sua família é o que muitos querem. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima é o que a levantadora Juma conseguiu. Disputando sua primeira competição de grande porte com a camisa da Seleção Brasileira de vôlei, a levantadora se vê concretizando um dos sonhos de seus familiares e de sua mãe, sua maior incentivadora, primeira técnica, que não está vendo tudo isso presencialmente por ter falecido em 2014, vitima de câncer.

Natural de Belém, no Pará, Juma Fernandes começou a jogar vôlei por influência de sua mãe, que treinava uma equipe. Com o passar do tempo, a atleta gostou tanto que viajou mais de 2.800km para integrar a equipe do Bradesco, em São Paulo, aos 17 anos. Desde então, a levantadora acumula passagens por Pinheiros, Bauru e São Paulo Barueri, equipe que defende atualmente. Mas, quatro anos depois que chegou a capital paulista a vida da atleta mudou completamente.

2014 foi uma no totalmente diferente na vida de Juma. Na parte profissional, a atleta chegou a equipe principal do Pinheiros e disputou como titular a edição da Superliga feminina da temporada. Na Seleção Brasileira, fez parte da conquista do Sul-Americano sub-22, que deu a vaga ao país para o Mundial Sub-23, que seria conquistado em 2015, mas não só coisas boas aconteceram naquele ano para a levantadora.

Maior incentivadora para que Juma seguisse no vôlei, uma de suas primeiras técnicas e torcedora mais assídua, a mãe da atleta acabou falecendo em 2014, vítima de uma câncer, sem realizar o sonho de ver a filha com a camisa da Seleção Brasileira. Desde então, a atleta se tornou a “mãe” de sua irmã mais nova, Juli Fernandes. “Eu penso que sou o espelho dela. Tem um tia nossa, que faz todo o trabalho de cuidar, de estar ali, mas não é a mesma coisa, eu acho que sou a base dela para tudo”, comentou Juma.

 

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Foi por você, é por você e sempre será por você… #Mãe #AmorMaior #Campeã #Brasil

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“Serás vida….Serás viva….bem viva, em mim”. Em meio a alguns pássaros, essa frase está tatuada na parte de trás do ombro esquerdo da levantadora brasileira, como uma das formas de não esquecer de sua mãe. Por conta do câncer, um dos maiores sonhos da mãe de Juma, que era ver a filha vestindo a camisa da Seleção Brasileira, não aconteceu (a levantadora chegou a equipe nacional após o falecimento). Mesmo assim, a presença da levantadora entre as melhores do país e um motivo de orgulho para todos, mas também uma responsabilidade grande, que a levantadora tem ideia.

 

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‘Pra você guardei o amor que eu nunca soube dar’ #saudade ❤️

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“Eu carrego uma pressão meio grande. Para minha irmã eu sou a figura materna dela, então isso, além de ser um orgulho para eles e para mim, eu tenho que estar ali bem, sempre sorrindo, mesmo quando eu não estou bem, mas vida que segue”, disse a atleta.

Caminhada na Seleção

Apesar da pouca rodagem com a Seleção Brasileira principal, Juma acumula conquistas nas equipes de base do Brasil. A maior delas é o título do Campeonato Mundial Sub-23, em 2015, quando, com companheiras de time como Rosamaria, Juliana Paes, Gabriela Guimarães, que hoje são conhecidas do cenário nacional, levou o país ao título e a atleta saiu com o prêmio de melhor levantadora e MVP do torneio. Ao fazer um comparativo sobre quais as diferenças que vê em seu jogo naquela época para agora, a atleta é direta.

“Aquela Juma carregava menos peso. Aquele era o meu primeiro Mundial. Eu tinha uma rodagem muito maior porque estava jogando muito mais e aqui eu estou sem ritmo de jogo. Estamos sem ritmo de jogo, sem entrosamento, agora estávamos uma parte do grupo em Saquarema treinando, juntamos com as demais e viemos. Mas, por outro lado, eu ainda era muito menina naquele ano, hoje eu sou uma ‘mulher menina’, vejo que ainda tenho muito a aprender e sempre vejo que posso aprender mais”, comentou Juma

Presente nas convocações de José Roberto Guimarães desde 2017, a jogadora defende o país em sua primeira competição de grande porte. Mesmo estando na reserva de Macris, que foi escolhida como a capitã da equipe, Juma se sente campeã antes mesmo que a disputa de medalhas em Lima tenha início.

“Jogar um Pan-Americano é o sonho de todos os atletas. Eu me sinto até campeã de estar aqui porque tem tantas pessoas querendo estar aqui no meu lugar. Então, espero que some muito no meu currículo, na minha experiência”, disse a levantadora.

Diferente do que aconteceu em 2015, quando atuou com a Seleção Brasileira de base e vinha jogando em seu clube na época, Juma passou a maior parte da última temporada no banco do Barueri. Mesmo assim, a levantadora renovou seu contrato com a equipe.

Para a próxima temporada, a levantadora projeta jogar mais pelo São Paulo Barueri. Já quando se fala de Seleção Brasileira Juma sabe que, visando o próximo ano, as coisas podem ser um pouco mais difíceis, mas imaginando o novo ciclo olímpico, que se inicia após Tóquio 2020, pode ser que seja possível.

“Eu acho que para uma levantadora ter essa rodagem, e agora espero estar jogando mais (no clube). Eu penso que vou amadurecer muito mais, não só como atleta mas como pessoa e, não sei se em Tóquio, mas em 2024 (nos Jogos Olímpicos que serão em Paris) eu esteja com a Seleção principal”

 

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