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Fran e Rosana também anunciam saída da Seleção Feminina

Reprodução/Instagram

Na última quarta-feira (27), a atacante Cristiane anunciou sua aposentadoria da Seleção Feminina. Nesta manhã, em apoio à comissão de Emily Lima e contra a do novo treinador Vadão, Fran, meia do Avaldsnes Idrettslag, da Noruega, e Rosana, meia e lateral-esquerda do North Carolina FC, dos Estados Unidos, anunciaram suas saídas da equipe canarinho.

Fran foi a primeira. Em sua conta no instagram, deixou claro os motivos que a fizeram tomar a decisão. Confira as declarações e os vídeos abaixo!

+ Vadão admite convite da CBF antes da demissão de Emily

Segundo apurou Cintia Barlem, do blog Dona do Campinho, outras jogadoras seguirão o mesmo caminho nas próximas horas. Procurada pela reportagem do Olimpíada Todo Dia, Emily Lima disse que prefere não falar nada por enquanto sobre isso.

“Bom, vim aqui comunicar que eu não sirvo mais à Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Devido aos últimos acontecimentos que nós tivemos, devido à comissão técnica ter sido despedida da forma que foi, com pouco tempo de trabalho, onde todas as atletas vinham satisfeitas com o trabalho que vinha sendo executado mesmo com os resultados negativos. E que chegamos a solicitar a permanência dela e de toda a comissão, mas não foi suficiente. Sendo que ela foi uma pessoa que me trouxe de volta, que me puxou pra cima, que resgatou algumas coisas que eu havia perdido: o prazer de servir à Seleção Brasileira, a vontade e a felicidade de estar lá dando o meu melhor. E como ela saiu, eu também quero comunicar, que eu também estou de saída. Não só por isso, mas principalmente por quem retornou. Meus motivos em relação a essa comissão é por tudo que eu passei na permanente, por todo meu esforço, por tudo que eu dei de mim e chegando na hora H não foi o suficiente, porque eles acabaram levando meninas lesionadas para o Mundial, meninas que estavam sem treinar, meninas que levaram só por amizade porque não chegava nem a utilizar. Então isso para mim foi demais, foi muito para mim no momento, cheguei até a pensar em parar de jogar futebol, mas graças a Deus eu consegui dar a volta por cima, com muita vontade, pela minha família e pela modalidade de ainda ter esperança.”

“Eu vi melhora quando a Emily assumiu. E agora não vejo necessidade e não vejo coerência da minha parte fazer parte de um trabalho onde eu não acredito que possa dar certo. Tomara que eu queime a minha língua e que ele leve a Seleção ao nível que ela merece estar. É muito triste chegar aqui e dizer essas coisas, se despedir, não sei se eu faria parte da Seleção com essa nova comissão, sendo que no passado já não fazia. E agora muito menos depois de algumas coisas que aconteceram entre mim e membros da comissão, porque eu não tenho nada contra o Vadão, simplesmente estou contra a omissão dele em relação à alguns casos e quem decidia todas as coisas, quem fazia tudo era o Fabrício e como foi informado agora, que a comissão toda está voltando dificilmente eu acredito que vá mudar alguma coisa. Então dificilmente eu me vejo nos planos deles e agora também a Seleção não está nos meus planos mesmo que eu fosse convocada ou algo do tipo. É muito triste, me sinto triste depois de 12 anos servindo a Seleção Brasileira, desde as categorias de base até a principal, tomar essa decisão. Mas eu me sinto convicta dessa decisão e acho que é o momento do futebol feminino lutar por alguma coisa e não deixar eles fazerem tudo que eles sempre fizeram com a gente, que é falar e a gente obedecer. Espero que as declarações da Cris, de outras atletas, minha talvez eu não tenha a mesma influência, que uma Cristiane tem (…).”

“Por tudo que ela nos representa, representa o futebol feminino. Mas de alguma forma eu quero compartilhar isso com vocês e agradecer a todas as pessoas que torceram e torcem ainda pelo meu trabalho, meus amigos, meus fãs, minha família, que sempre esteve do meu lado. Torço para que quem for ficar colha bons frutos, se é que é possível ainda. Desde já, agradeço por tudo e vamos que vamos. É isso.”

Depois do anúncio da demissão de Emily Lima, a atleta já tinha se posicionado em suas redes sociais.

Mais tarde, foi a vez de Rosana Augusto, meia e lateral-esquerda do  North Carolina FC anunciar que deixaria a seleção. Ela atribuiu a decisão à falta de voz perante à entidade que gere o futebol feminino:

Boa tarde pessoal! Foram 18 anos representando a seleção brasileira com muito orgulho e amor! Hoje, assim como a Cristiane e a Franciele, torno público o desejo de não defender mais as cores da selecao brasileira. Diante das circunstâncias e adversidades dos últimos acontecimentos, sinto que as atletas não têm voz, e querer expor um ponto de vista, mexe com a vaidade e ego de muitos. Muito se pede para que as atletas se manifestem e reivindiquem. E sim, acho que deveríamos fazer isso, mesmo depois de uma tentativa fracassada como no pedido de permanência da comissão da Emily. Mas em contrapartida, entendo que muitas meninas ali, junto com os seus familiares têm um sonho. E protestando algo, têm medo que esse sonho seja abortando abruptamente, por não saberem a força que teriam juntas. Sempre me posicionei, por vezes, somente internamente, outras em público. Me posicionava, porque sempre pensava no que eu poderia ganhar e não perder. Sim. Sofri retaliação, e o sonho ficou no modo abstrato. Mas deixei de ser conivente com o “errado”! E é por isso, que estou abdicando mais uma vez de um sonho. Não temos força e nem voz. E isso, um dia cansa! Fica aqui o meu desejo para que pessoas que amam e tratam a modalidade com carinho e respeito, ocupem cargos de expressão dentro do futebol feminino brasileiro, e que as atletas ganhem corpo e voz, na briga incessante pela modalidade. Um grande abraço a todos!!!

Uma publicação compartilhada por Rosana Augusto (@rosanaugusto) em

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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