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Tóquio 2020

Novo planejamento para Tóquio e protocolos para a retomada

Jorge Bichara, diretor de esportes do COB, aborda novo planejamento dos Jogos e protocolos de retomada do esporte olímpico

Seletiva Olímpica de natação
Protocolos estão prontos a espera das orientações (Divulgação COB)

Há exatos três meses, recebíamos uma notícia que transformaria por completo o planejamento do esporte olímpico brasileiro: o adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021. Diante de um cenário tão incerto, não havia outra decisão a ser tomada. A preocupação com a saúde das pessoas vem em primeiro lugar.

A partir de então, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que já havia adotado o sistema de home office para seus funcionários e fechado suas instalações esportivas, casos do Centro de Treinamento Time Brasil e da Arena de Ginástica Artística, passou a atuar em diversas frentes. Na área esportiva, nos debruçamos fundamentalmente em duas tarefas: oferecer suporte incondicional às Confederações e aos atletas e elaborar uma nova planificação da Missão Tóquio.

À medida que o coronavírus se propagava pelo mundo, especialmente no Brasil, nossa atenção se redobrava. Tínhamos o cuidado e o dever de zelar pela saúde de atletas, treinadores e colaboradores, mas também não podíamos nos eximir da responsabilidade de proporcionar a eles as melhores condições possíveis para desempenharem bem suas funções nos Jogos Olímpicos.

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Por isso, mesmo com tantas indefinições, demos prosseguimento ao novo planejamento para 2021 e, mais uma vez, precisamos ampliar nosso raio de atuação. O manual publicado em março cumpriu seus objetivos naquele estágio da pandemia, mas, passados três meses, as necessidades se tornaram outras. E foi desse entendimento que surgiu o Guia para a Prática de Esportes Olímpicos no Cenário da Covid-19, uma publicação de cerca de 200 páginas, dividida em 15 volumes.

Trata-se de um documento de referência produzido por médicos, treinadores e consultores, seguindo as determinações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do governo brasileiro, que toma como parâmetro também casos exitosos de entidades esportivas internacionais. Seu conteúdo detalha a retomada gradual das atividades no CT Time Brasil em cinco etapas, quando houver liberação dos órgãos de saúde pública. Precisaremos nos adequar às novas normas de convívio social e profissional, administrando quaisquer riscos. Ainda que a pandemia venha a ser controlada, o retorno às atividades será progressivo, exigindo procedimentos rígidos de controle e segurança.

Isto se aplica da mesma forma à Missão Europa, ação mais recente a ser divulgada, prevista para acontecer entre os meses de julho a dezembro de 2020. Estamos trabalhando para que os atletas classificados ou com potencial de classificação para os Jogos de Tóquio tenham a oportunidade de retomar os treinamentos com tranquilidade, cumprindo todos os protocolos necessários e validados pelos serviços médicos.

O Comitê Olímpico de Portugal e o Complexo Esportivo de Rio Maior compreenderam o momento que estamos vivendo, abrindo as portas de suas instalações esportivas para o Time Brasil. Pelo planejamento, nos dividiremos em quatro bases (Rio Maior, Coimbra, Cascais e Sangalhos), com pelo menos 207 atletas, de 15 modalidades. Números que ainda podem crescer, pois estamos em contato direto com todas as Confederações Brasileiras Olímpicas.

Colocar esta operação em prática exige muito trabalho de nossa equipe, mas está longe de ser o maior desafio no momento. Reorganizar a preparação para os Jogos de Tóquio na conjuntura atual, com poucas resoluções sobre a agenda de competições e a rotina de treinamentos, e retomar o nível físico e técnico dos atletas, sem lesões e emocionalmente fortalecidos, são questões ainda mais desafiadoras. 

Apesar de tantas interrogações, faltando menos de 400 dias para os Jogos de Tóquio, uma coisa é certa: o esporte olímpico brasileiro não pode parar.

jorge bichara escreveu sobre o planejamento para tóquio e os protocolos para a retomada

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