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Maria Lenk: 1ª mulher brasileira a participar de Olimpíadas

Aos 17 anos, Maria Lenk foi a única mulher na delegação brasileira dos Jogos de Los Angeles-1932, onde fez história

Maria Lenk - Pioneira - Natação - Olimpíada
Maria Lenk, a primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíada (Arquivo Nacional)

Em 1932, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, a história das mulheres brasileiras no esporte olímpico tomou um novo rumo. E foi graças ao pioneirismo de Maria Lenk. Aos 17 anos, a nadadora paulista não foi apenas a primeira mulher brasileira, mas a primeira mulher sul-americana a participar de uma Olimpíada. Ela foi a única mulher em uma delegação de 45 homens e, apesar de não ter subido no pódio, fez história e eternizou o seu nome nela.  

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Tudo começou sete anos antes, quando Maria Lenk sofreu uma pneumonia dupla. Seus pais, imigrantes alemães, acharam que a natação faria bem a saúde da filha. Ela, no entanto, não tinha piscinas para nadar e teve de dar suas primeiras braçadas no rio Tietê.

A caminho da história

A viagem para Los Angeles foi feita em um navio cedido à CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e só poderia desembarcar quem vendesse uma determinada cota do café que era transportado nos porões durante as paradas nos portos. Ao chegar em LA, a delegação descobriu que era cobrado U$1 para desembarcar. Como eram 67 atletas e U$32, foi decidido que apenas os atletas com chances de medalhas poderão desembarcar. Maria Lenk não estava nesse grupo, mas foi uma exceção e pôde descer sem pagar nada.

E Maria Lenk não se cansava de fazer história. Além de ser a primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíada em 1932, quatro anos mais tarde, em Berlim-1936, ela foi pioneira em mais um quesito. Já acompanhada de mais três brasileiras na delegação, ela foi a primeira mulher a usar o nado borboleta.

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Em 1939, durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio de 1940, que acabaram cancelados devido a Segunda Guerra Mundial, Maria Lenk quebrou os recordes mundiais de 200 m e de 400 m no nado peito. E foi, assim, a primeira e única brasileira a derrubar tais marcas. 

No início dos anos 40, quando Getúlio Vargas editava o artigo 54 do Decreto-Lei 3.199, que proibia a prática de esportes “incompatíveis com as condições de natureza” das mulheres, Maria Lenk foi a única mulher da delegação sul-americana que excursionou pelos Estados Unidos. E lá, ela quebrou 12 recordes estadunidenses e aproveitou para concluir o curso de educação física na Universidade de Illinois.

Maria Lenk - Pioneira - Natação - Olimpíada
Maria Lenk foi a primeira brasileira a entrar no Hall da Fama da Natação (Reprodução)

Eternizada além das piscinas 

Pouco tempo depois, em 1942, ela, entretanto, decidiu abandonar a carreira como nadadora profissional, aos 27 anos, e ajudou a fundar a Escola Nacional de Educação Física, da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. E assim se tornou a primeira mulher a dirigir uma faculdade de Educação Física na América do Sul.

Em 1988, Maria Lenk foi incluída no Hall Internacional da Fama da Natação, se tornando assim a primeira atleta brasileira a alcançar tal feito, repetido apenas em 2012, com Gustavo Borges. Doze anos mais tarde, ela recebeu também a Ordem Olímpica, honraria concedida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) aos maiores atletas de todos os tempos.

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Maria Lenk - Pioneira - Natação - Olimpíada - Primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíada
Maria Lenk em 2007, ano em que faleceu (Reprodução)

Maria Lenk, no entanto, jamais abandonou as piscinas. Ela competiu em categorias master e, como de costume, bateu diversos recordes mundiais. Em 2000, no Mundial da categoria 85-90 anos, conquistou nada menos que cinco medalhas de ouro. Foi a campeã dos 100 m peito, 200 m livre, 200 m costas, 200 m medley e 400 m livre. Assim, no total, ela nadou em 11 Mundiais master e faturou 54 medalhas, 37 douradas.

Em 2007, foi a vez do Brasil homenagear sua lendária nadadora ao inaugurar o Complexo Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, aos 92, ela faleceu após passar mal na piscina do Flamengo, quando sofreu uma parada cardíaca. Assim, Maria Lenk se despediu do mundo físico fazendo aquilo que tanto amava: nadando.

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