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Jogos Olímpicos da Juventude

Mesmo sem lutar, Luiz Oliveira e Keno Machado estão na semi

Adversário do neto de Servílio de Oliveira não apareceu para pesagem, enquanto o de Keno fez gestos obscenos para a arbitragem

A estreia do boxe brasileiro nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018 estava prevista para acontecer com três lutas nesta segunda-feira, dia 15. Porém, duas delas foram canceladas, e os pugilistas brasileiros avançaram para as semifinais da competição e estão a uma luta de garantir uma medalha. O peso mosca (-52kg) Luiz Gabriel Oliveira, o Bolinha, neto do medalhista olímpico na Cidade do México 68, Servílio de Oliveira, lutaria contra o afegão Sultan Mohammad Naeemi, mas o adversário não apareceu para a pesagem e foi desclassificado. Já Keno Marley Machado, da categoria médio (-75kg), foi beneficiado com a punição ao italiano Naichel Millas por gestos obscenos ao árbitro em luta realizada no dia anterior, quando foi derrotado pelo tailandês Weerapon Jongjoho, próximo adversário do brasileiro, nesta terça-feira, dia 16. Bolinha também enfrenta um tailandês nesta terça-feira, Sarawut Sukthet, na disputa por uma vaga na final.

O único brasileiro a subir ao ringue nesta segunda foi Kauê Belini, da categoria meio-médio, que foi derrotado por Jakhongir Rakhmonov, do Uzbequistão, por 4 a 1, e não tem mais chances de medalhas.

Porta-bandeira do Time Brasil na Cerimônia de Abertura de Buenos Aires, Bolinha, apelido carinhoso que recebeu do avô Servílio na infância, é um dos cabeças de chave da competição e está ansioso para a estreia. “Estava preparado psicologicamente e taticamente para esta luta, mas infelizmente o adversário não veio. Estamos prontos para a próxima luta, que terá uma estratégia específica. Vamos aperfeiçoá-la para amanhã”, projetou o jovem pugilista.

O atleta de 17 anos carrega no DNA o talento do avô, primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica na modalidade, o bronze na Cidade do México, em 1968. Servílio, inclusive, foi indicado pelo Comitê Olímpico do Brasil na última semana para representar o país nas comemorações pelos 50 anos destes Jogos. “Me sinto muito inspirado pela medalha conquistada pelo meu avô. Depois de 50 anos, quero conseguir outro resultado desses para a minha família, para o meu país e para o boxe brasileiro. Sempre nos falamos antes das competições, mas ainda não falei com ele aqui da Argentina. Com certeza, vou na casa dele levar a medalha quando eu voltar”, avisou o fã dos campeões mundiais Muhammad Ali e Mike Tyson.

Assim como Servílio, que conquistou sua medalha olímpica aos 20 anos, os resultados já começam a aparecer bem cedo para Bolinha. No último Mundial Juvenil, em agosto, na Hungria, alcançou a medalha de bronze, melhor resultado de sua ainda curta, mas promissora, carreira. Convocado para a seleção juvenil pela primeira vez em meados do ano passado, conquistou o título de campeão continental, em maio, nos Estados Unidos, e a prata em um torneio no Equador, em julho, além do bronze no Mundial.

A influência familiar sempre foi muito forte em sua vida. O garoto começou no boxe aos dez anos assistindo aos treinos do pai, Ivan de Oliveira, em São Caetano do Sul (SP). O atleta já se sentiu pressionado, mas hoje considera uma motivação ser neto de Servílio. “Meu avô fica muito feliz que a família continua no boxe. Ele sempre torce, acompanha minhas lutas, me manda mensagem. Ele falou para eu não ficar satisfeito com o bronze. Eu quero bastante uma medalha nos Jogos Olímpicos da Juventude para nossa equipe, para o nosso país. E, se possível, trocar a cor da medalha para dourada”, afirmou o jovem talento do boxe nacional.

O treinador-chefe da equipe brasileira de boxe em Buenos Aires, Mateus Alves, não esperava a eliminação dos adversários e terá que mudar a preparação dos atletas para os confrontos semifinais, que acontecem nesta terça-feira, dia 16.

“A gente gostaria de ter lutado. Nunca é bom não lutar, porque os nossos adversários já lutaram e nós não. Altera toda nossa programação, mas faz parte. Temos que controlar a ansiedade, o peso, e dar a volta por cima. Vamos treinar forte agora e amanhã serão duas boas lutas contra a Tailândia. São dois campeões asiáticos contra dois campeões das Américas. Serão lutas duras, mas bem possíveis de se passar”, analisou Mateus.

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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