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Incentivadora e fã de carnaval: a história de Suzana Soares

Mãe da campeã mundial Bia Ferreira foi uma das maiores apoiadoras da filha no esporte. Fã de boxe, a baiana só perde uma luta da filha se for na época do carnaval

Se engana quem pensa que a paixão pelo boxe da campeã mundial Bia Ferreira tenha surgido somente pelo lado do pai. Natural de Salvador e criada em Juiz de Fora, Bia pode ter aprendido a lutar através de seu genitor, Raimundo Oliveira Ferreira, ex-boxeador e treinador da atleta no início da carreira. Mas Bia teve em sua mãe, Suzana Soares, uma grande incentivadora e torcedora.

Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, a mãe de Bia contou a trajetória da filha no boxe, sua relação com o esporte, a maneira como torce pela filha e também sua paixão pelo Carnaval de Salvador, em especial pelo cantor Leo Santana. Confira no vídeo abaixo:

O apreço pelo boxe da baiana Suzana Soares vem de muito antes do nascimento da filha Bia Ferreira. É da da época em que ela ainda era solteira, quando namorava Raimundo, seu ex marido. Suzana por sinal só descobriu que Raimundo era boxeador depois do início do relacionamento.

“Quando eu conheci o meu ex-marido, eu não sabia que ele lutava boxe. Durante o começo do namoro, ele sempre escondia as mãos. Eu até achava que ele tinha algum tipo de deficiência. Um dia, eu fui assistir a luta de um colega nosso e descobri que o adversário era o meu namorado. E aí eu me apaixonei pelo boxe,” contou Suzana.

Com um pai atleta e uma mãe fanática pelo esporte, Bia cresceu no mundo do boxe. Suzana contou que a filha já dava indícios de que escolheria o mundo das lutas logo cedo e que foi ela quem aprovou a decisão, não o pai.

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“Quando ela era bebê e estava chorando, eu pegava as luvas e mexia e ela parava de chorar. Eu pensei ‘essa menina nasceu para isso’. Mais tarde, quando ela tinha três anos, eu estava em uma loja com ela quando ela virou e falou: ‘eu quero lutar boxe’. Eu achei legal. O pai não achou tão legal não. Mas eu incentivei e aí nós liberamos quando ela fez quatro anos. O boxe é a única coisa que ela gostava mesmo de fazer,”disse Suzana.

Mesmo sendo uma grande incentivadora, Suzana soube desde o início que a escolha da filha não seria fácil. A renda da família era pequena e o pai de Bia, apesar de bom atleta, não conseguia viver somente do esporte e por ter menos instrução, sofria na mão de pessoas aproveitadoras. Suzane disse que em certos momentos, chegou a ficar na dúvida se a decisão da filha seria a certa e que batalhou para que a filha estudasse bastante para não sofrer como o pai.

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“Como eu acompanhei a trajetória do pai dela, a gente já teve dias de choro. Mais dias de choro do que de alegria. Tinha dia que eu via ele chegar em casa machucado. Não fisicamente, mas machucado internamente. E eu também fica triste. Ele não tinha apoio; até era sparing de um monte de gente famosa, como Popó e muitos outros, mas quando chegava a hora de entrar o dinheiro, nada. Eu ficava pensando: ‘meu Deus, será que Bia vai passar por isso?’ Então eu sempre peguei no pé dela para que estudasse. Só assim ela poderia ser a melhor.”

A referência esportiva foi sempre o pai. Quando Bia tem questões técnicas e precisa de conselhos de alguém experiente, é o pai quem ela procura. Mas nos momentos de indecisões pessoais e em momentos de tristeza, a campeã mundial procura sempre a voz da mãe. Suzana segue fazendo o que sempre fez: incentiva a filha a seguir lutando.

“Já teve momentos dela me ligar triste, chorando, pensando em desistir. Eu acho que eu sou a primeira pessoa que ela procura. E eu fico aqui, do telefone, conversando e dizendo ‘não, não desista. O boxe é você. Faça o seu melhor. E ela sempre escuta.”

Separada de Raimundo Ferreira desde 2008, Suzana optou por deixar Juiz de Fora com Bia e a outra filha, Samira, para retornar a sua terra natal após um pedido das duas. Bia, entretanto, rapidamente decidiu voltar à cidade mineira para seguir treinando com o pai. Viver longe da filha pela primeira vez na vida não foi uma tarefa fácil, mas Suzana soube como lidar com a situação.

“Eu sabia que não ia dar certo. Bia ama boxe e Juiz de Fora já havia aberto um leque para ela no esporte. O pai dela dava aulas lá. Com só um mês em Salvador, ela pediu para voltar. Eu deixei, com a condição de que ela focasse nos treinamentos e ela topou. Quando eu voltei da rodoviária para deixá-la eu desmanchei no choro. Eu me sentia forte com a presença dela e de Samira. Às vezes costumo pensar que Bia está aqui para sofrer menos. O que me ajuda também são as redes sociais,” comentou Suzana.

A tecnologia também ajuda Suzana a torcer pela filha. Ao lado de Samira, a mãe fanática por boxe sempre assiste a filha lutar através dos links que Bia envia antes das lutas. Nervosa, ela sempre segue um ritual ao torcer e precisa da filha Samira para acalmá-la.

“Eu só assisto Bia lutar de joelhos, sempre orando. Eu fico muito agoniada. Teve vezes que eu passei mal mesmo, Samira me acudiu. Tem vezes que eu confundo as lutadoras de tão nervosa. Os uniformes são todos parecidos também. A tatuagem no braço dela me ajuda,” disse Suzana.

Perder uma luta da filha é algo que não passa pela cabeça da baiana. Nessa época do ano, entretanto, Suzana abre uma exceção. “Vai ser difícil acompanhar a Bia agora. Amo o Carnaval. Em especial o Léo Santana e Ivete Sangalo. Mais tarde vou ao bloco do Léo.” declarou Suzane, já vestida de Mulher Maravilha para pular o carnaval.

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