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Basquete

A diferença entre os melhores: o abismo entre NBA x WNBA

Maiores ligas de basquete do mundo possuem realidades completamente diferentes quando analisamos os números de cada liga

NBA e WNBA
A diferença entre homens e mulheres está presente nas maiores ligas de basquete do mundo (Montagem logos NBA e WNBA)

A diferente na forma de ver homens e mulheres no esporte está presente até nas maiores ligas do mundo. No basquete, os números mostram que a NBA e a WNBA remuneram e veem o esporte de maneiras diferentes.

O Olimpíada Todo Dia escolheu as ligas mais conhecidas da modalidade para mostrar que até nelas existem diferenças na forma de ver o esporte.

Um jogo na NBA > uma temporada na WNBA

Quando se fala de basquete, o pensamento lembra automaticamente da maior liga da modalidade no mundo, a NBA. Com os melhores jogadores e concentrando as atenções durante toda a temporada, a diferença é grande mesmo para a liga profissional feminina americana, a principal do planeta entre as mulheres.

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Para conseguir um efeito comparativo, a reportagem do Olimpíada Todo Dia buscou os dados salariais dos atletas envolvidos nas ligas. Diferente do que acontece ao redor do mundo, nos Estados Unidos os valores pagos pelas franquias para os jogadores são abertamente anunciados.

Realidades diferentes

Curry e Skylar Diggins-Smith maiores salários da NBA e WNBA
Curry e Skylar Diggins-Smith maiores salários da NBA e WNBA
(Montagem com fotos divulgação)

Pegando os valores que serão pagos pelas equipes aos atletas na temporada de 2020/2021, a diferença é gritante. Dono de três anéis de campeão da NBA, Stephen Curry receberá U$ 43.006.362 (R$ 229,1 milhões) do Golden State Warriors e terá o maior salário da liga.

Já na WNBA, seis jogadoras receberão o teto máximo da liga na próxima temporada. Diferente do que acontece entre os homens, o maior salário para as mulheres é de U$ 215.000 (R$ 1,14 milhão), que é o valor atualizado após um novo acordo coletivo assinado recentemente.

Porém, é preciso fazer outra conta. Uma temporada na NBA tem 82 partidas na fase regular. Já em uma temporada na WNBA são realizados 34 jogos, excluindo os playoffs. Por conta disso, para que a diferença entre homens e mulheres fique clara, a reportagem do OTD fez o seguinte cálculo.

Se dividirmos o salário que será pago para Curry pelo número de jogos, descobrimos que, em 2020/2021, cada partida do armador terá um valor de cerca de U$ 524.467 (R$ 2,79 milhões). Já entre as mulheres, cada partida do top seis dos maiores salários da liga terá um custo de U$ 6.323,52 (R$ 33,6 mil) para os times.

Com esses dados, é possível afirmar que uma partida de Stephen Curry em 2020/2021 pagaria o que os seis maiores salários da WNBA receberão no mesmo período, e voltaria troco.

Levando em conta os maiores salários de cada liga na próxima temporada e fazendo um equivalência pela quantidade de jogos de temporada regular de cada uma delas, o maior salário da WNBA deveria ser de U$ 17.804.633.

O quanto se paga para passar na TV

Uma das formas em que mais se consegue arrecadar dinheiro no esporte é a venda de transmissões para a televisão. Como as ligas de basquete nos Estados Unidos são mundialmente famosas por conta dos atletas de vários lugares do planeta, o valor pago pelas emissoras de tv é grande.

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De acordo com uma matéria publicada no New York Times, a NBA recebe cerca de 2.6 bilhões de dólares (R$ 13,8 bilhões) por temporada pelas partidas transmitidas pela ESPN e Turner Sports. Já quando falamos da WNBA, os números caem. Segundo o jornal americano, os canais de TV citados pagam cerca de 25 milhões de dólares (R$ 133,2 milhões) pela temporada da liga de basquete feminino.

Assim como no Brasil, a temporada masculina é maior. A NBA, normalmente, começa em outubro e tem suas finais em maio. Já a WNBA acontece entre junho e agosto.

Além de ter a temporada mais curta, com 58% menos jogos que os homens, a WNBA também possuí menos times. Na liga masculina, 30 franquias disputam o título. Já no feminino, 12 times buscam o anel de campeão.

Se levarmos em consideração que o tempo em que a WNBA tem partidas interfere de maneira direta no valor pago pelas emissoras de televisão pelos jogos da liga, podemos fazer outra conta.

Se a WNBA tem 58% menos jogos por temporada, em relação a NBA, se projetarmos o que seria proporcional, a liga feminina poderia receber algo em torno de 1 bilhão de dólares (R$ 5,33 bilhões) pela exposição de seus jogos na ESPN e Turner Sports.

Elas tem resultados

A NBA tem como grande marca ser a liga com os maiores astros do basquete mundial e onde a grande maioria dos jogadores querem estar. Na WNBA é a história é parecida. Apesar de algumas jogadoras priorizarem atuar pelas equipes da Europa, pela questão financeira, a liga reúne as melhores do mundo.

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Seleção Americana conquistou o sexto ouro olímpico seguido na Rio-2016 (Divulgação)

Com a presença das melhores disputando a competição nacional, os Estados Unidos conseguem qualidade em sua seleção. Se olharmos o torneio de basquete feminino dos Jogos Olímpicos, as americanas possuem um desempenho de se invejar.

Desde os Jogos Olímpicos de Montreal-1976, quando o basquete feminino entrou para o programa olímpico, os Estados Unidos só não ficaram com a medalha de ouro em duas oportunidades. Na estreia olímpica da modalidade as americanas ficaram com a prata e em Barcelona-1992 ficaram com o bronze. Vale lembrar que em Moscou-1980, os atletas dos Estados Unidos não disputaram os Jogos.

Quando paramos para analisar a participação americana em Campeonatos Mundiais, o domínio é maior. Foram realizadas 18 edições do torneio na história e os Estados Unidos estiveram no pódio em 13 oportunidades, sendo que venceram oito dos últimos 11.

NBA
Janeth Arcain em uma das temporadas que conquistou o título da WNBA (Divulgação WNBA)

Presença brasileira

Engana-se quem pensa que o sucesso do Brasil no basquete americano começou com o título de Tiago Splitter em 2014. Assim que a WNBA nasceu, em 1997, o Brasil estava com o moral elevado no mundo do basquete. Na década de 90 o país venceu o Mundial de 94, superando os Estados Unidos na semifinal, e havia conquistado a prata nos Jogos de Atlanta-1996.

Por conta disso, Janeth Arcain, então com 27 anos, foi convidada para o draft da WNBA e foi selecionada na 12ª posição geral, pelo Houston Comets. Apesar de ser um elenco recheado de estrelas, entre elas o trio Cynthia Cooper, Tina Thompson e Sheryl Swoopes, o começo da brasileira não poderia ter sido melhor.

“Imparáveis”

Nas quatro primeiras temporadas, quatro títulos. A hegemonia do time do Texas fez com que a imprensa americana desse o apelido de “A imparável” para a equipe. Durante as quatro temporadas que resultaram no tetracampeonato, o Houston Comets perdeu apenas 26 partidas em 140 jogos. Janeth seguiu na equipe e na WNBA até a temporada de 2005, quando seguiu para a Espanha.

A hegemonia do Comets só acabou quando o Los Angeles Sparks conseguiu superar a equipe, mas os títulos para o Brasil seguiram. Diferente do Houston, o Sparks foi bicampeão da WNBA, em 2001 e 2002, e no seu segundo título o time contava com a pivô Erika Souza em seu elenco. Após o título, a pivô da seleção brasileira seguiu sua carreira e só retornou para a liga dos Estados Unidos em 2007.

Erika Souza na WNBA
Erika Souza atuando pelo San Antonio Stars na WNBA (Divulgação WNBA)

Nesta segunda passagem pela WNBA, Erika atuou pelo Connecticut Sun, Atlanta Dream, onde acabou perdendo a final em três oportunidades, e o Chicago Sky. Atualmente o Brasil é representado pela pivô Damiris, que atua no Minnesota Lynx e também passou pelo Atlanta Dream.

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