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Atletismo

‘É uma vida’, diz Cláudio Roberto sobre a espera pela medalha

Após 20 anos, ex-atleta irá receber prata olímpica conquistada no revezamento 4x100m nos Jogos de Sydney

Cláudio Roberto Sousa medalha atletismo revezamento 4 x 100 m
O ex-velocista Cláudio Roberto Sousa exibe a réplica da medalha de prata do 4 x 100 m em Sydney-2000 (Divulgação/CBAt)

Mesmo com 2020 deixando de ser um ano olímpico por conta do adiamento dos Jogos de Tóquio, o Brasil pode comemorar o fato de ter um medalhista olímpico neste ano. Isso porque o ex-velocista Cláudio Roberto Sousa deverá, enfim, receber a medalha de prata do revezamento 4×100 m de Sydney-2000, após 20 anos de atraso.

Contando com a ajuda do Comitê Olímpico Brasileiro, o atleta de Teresina deverá finalmente ser agraciado com a medalha oficial no pescoço até setembro deste ano, prazo dado pelo Comitê Olímpico Internacional para reparar a injustiça.

“Esses últimos dias estão bem intensos. Todo mundo me ligando e me parabenizando por essa conquista. Eu só tenho a agradecer as pessoas que me ajudaram demais nesse processo. Vinte anos se passaram para que eu conseguisse. É uma vida né. Minha filha mais velha, por exemplo, tem 18 anos”, comentou o atleta em uma transmissão feita pelas redes sociais.

Cláudio Roberto era reserva da equipe que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000. O corredor participou da prova eliminatória, realizada no dia anterior à final, e contribuiu para que o time garantisse lugar na final.

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Na decisão, ele acabou substituído pelo titular Claudinei Quirino, que fechou o 4 × 100 m. O grupo finalista contava ainda com Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro e André Domingos. Apesar de não subir no pódio, o regulamento olímpico prevê que quem disputou semifinal ou eliminatória tem direito à medalha de prata.

“Não entendo o porquê dos atletas reservas não subirem no pódio. Os reservas dos esportes coletivos como futebol, basquete também vencem as medalhas e sobem no pódio com os titulares. Os reservas também fazem parte da equipe”, lamentou Cláudio.

+ Cláudio Roberto receberá medalha após 20 anos

Cláudio Roberto
Claudio e seus alunos no Colégio em que dá aula em Teresina (Reprodução)

Sem receber a medalha naquele 30 de setembro de 2000, Cláudio precisou esperar por quase 20 anos para finalmente receber o posicionamento do COI sobre a sua situação. Em carta enviada há poucos dias, a entidade afirmou que enviará uma medalha ao brasileiro até o final do verão europeu.

“O Paulo Wanderley me ligou para parabenizar a maneira como eu tratei essa situação. Eu sou um cara bem tranquilo. Tentei correr atrás da medalha sem prejudicar ninguém, por mais que o prejudicado fosse eu mesmo. Tentei sempre respeitar as hierarquias, até para não criar polêmicas desnecessárias”, confessou o ex-atleta, que pendurou as sapatilhas em 2008.

Reconhecimento de André Domingos

Apesar do alívio de finalmente ter a certeza que receberá sua medalha de prata oficial, Cláudio Roberto nunca se esquecerá da homenagem recebida de André Domingos, que lhe entregou uma réplica em 2016.

“Era frustrante ser considerado um medalhista olímpico e não poder apresentar a ‘ prova do crime’. Geralmente eu levava a medalha do Mundial de Paris de 2003 ou dizia que a medalha estava em casa para as crianças durante as palestras. Depois que o André me presenteou saiu um peso das minhas costas. E agora, quatro anos mais tarde, acaba de vez o assunto com a medalha oficial”, completou.

Atualmente, Cláudio dá aulas de atletismo para crianças de uma escola de Teresina, no Piauí, cidade em que nasceu, além de participar de palestras através do projeto “Heróis do Atletismo”, mantido pela Confederação Brasileira de Atletismo.

“Heróis do Atletismo é um programa maravilhoso que contempla os medalhistas olímpicos e alguns mundiais. OS atletas viajam o Brasil inteiro, tentando relacionar a nossa história com as pessoas pelo país. Nós damos palestras e contamos a nossa história para dar ânimo para quem está nos assistindo”, explicou.

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