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Atletismo

Darlan Romani sonha com “uma medalhinha” no Pan e Mundial

Catarinense, líder do Ranking Mundial da IAAF no arremesso do peso de 2019, aposta em evolução, mas reconhece que bons resultados só aumentam a sua responsabilidade

O recordista sul-americano do arremesso do peso Darlan Romani sempre foi muito comedido nas opiniões e avesso a prognósticos. Aos 27 anos, líder no Ranking Mundial da IAAF ao ar livre de 2019, com 21,83 m, ele não esconde, porém, suas metas para esta temporada: competir bem nos eventos internacionais e lutar por uma “medalhinha” nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em agosto, e no Mundial de Doha, no final de setembro e início de outubro. “Competir bem é meu objetivo. A gente quer uma medalhinha”, afirma Darlan.

Razões para este catarinense de Concórdia, nascido no dia 4 de abril de 1991, estar um pouco mais “tranquilo” não faltam. Afinal, ele terminou 2018 em quinto lugar no Ranking Mundial, com 22 m, entrando de vez no grupo dos maiores arremessadores da história. Outro fato: venceu a Copa Intercontinental da IAAF, disputada em Ostrava, na República Tcheca, quando integrou a equipe das Américas.

“A boa campanha do ano passado só aumenta a minha responsabilidade. Para me manter e melhorar meu nível internacional tenho de arremessar sempre acima dos 21 m e espero isso nas etapas da Liga Diamante, no Pan e no Mundial”, disse Darlan, em entrevista dada no Centro Nacional de Desenvolvimento de Atletismo (CNDA), da Confederação Brasileira de Atletismo, em Bragança Paulista (SP), cidade onde mora e treina.

A marca de 21,83 m, alcançada no último sábado (23/02), no Torneio Pinheiros/CBAt, em São Paulo, é melhor que todos os resultados obtidos pelo atleta até 2018. O bom desempenho também marcou a sua melhor estreia numa temporada.

Desde 2010, quando deixou a casa dos pais e mudou-se para Uberlândia (MG), aos 18 anos, ele é orientado pelo especialista cubano Justo Navarro. Desde então, a evolução tem sido constante, com exceção de 2013, quando sofreu com uma lesão. Saiu de 17,19 m em 2010 para 22 m em 2018.

“Os treinos são cumulativos e vou ganhando mais força a cada ano”, disse o atleta do Pinheiros, que chega a fazer mais de 60 arremessos numa sessão de preparação técnica e levanta mais de 200 kg nos exercícios de musculação. “Estamos no caminho certo e sigo todas as recomendações do Prof”, como ele chama o treinador Justo Navarro. “Os sonhos só vão aumentando.”

Todos os treinos técnicos e físico são realizados na excelente estrutura do CNDA, que é mantido por um Programa específico patrocinado pela Caixa Econômica Federal.

Depois de domar uma gordura de grau 4 no fígado – agora está com grau 1 -, Darlan está cada vez mais forte fisicamente. Com 1,87 m, seu peso varia de 150 a 154 kg, e tem 23% de gordura, com ganho expressivo de massa muscular.

A melhora do fígado deve-se ao cuidado extremo de sua mulher, Sara, ex-atleta do salto com vara. Ela cuida pessoalmente da dieta do marido, das refeições com produtos orgânicos e de alta qualidade. Casado há 5 anos, é pai de Alice, de 3.

Planejamento

Darlan, que este ano passou a ter como agente o espanhol Juan Pineda, só deve começar a temporada na Europa em junho. Ele viaja para o Sul-Americano de Lima, que será disputado de 24 a 25 de maio, e de lá segue para Leon, na Espanha, para um Camping Internacional de Treinamento e Competições de Arremesso e Lançamento, dentro do Programa de Preparação Olímpica realizado pela CBAt em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB).

“É muito bom treinar em Leon. Lá existem vários tipos de áreas de arremessos (são cinco), o que permite sentir diferentes pisos e não ser surpreendido depois nas competições”, lembrou o 3º sargento da Aeronáutica, que gosta muito de morar em Bragança porque se parece com sua Concórdia (SC). “É uma cidade montanhosa, gostosa, me sinto realmente em casa”, comentou o atleta, que nos raros momentos de folga foge para um sítio de um amigo em Atibaia para pescar como se fosse no “barranco do rio”.

Nas etapas da Liga Diamante, Darlan reencontrará seus principais adversários, que na verdade formam uma confraria, segundo ele. “Um torce pelo outro. Na Copa Intercontinental, o Tomas Wash, campeão mundial, e o Ryan Crouser, campeão olímpico, vieram me abraçar depois que venci a prova. Disseram que eu merecia a medalha de ouro pelo que tinha feito em toda a temporada”, contou.

No Brasil, ele reconhece a importância que Justo Navarro tem para a prova do arremesso do peso (ele orienta ainda Geisa Arcanjo, no feminino). Acredita que outros atletas podem chegar ao nível internacional. “William Dourado e o Welington Morais, por exemplo, têm potencial e só precisam de mais suporte para crescer”, comentou.

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