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Paralimpíada Todo Dia

Mais forte, Verônica Hipólito projeta retomada da carreira

Após cirurgias e complicações, Verônica Hipólito supera dramas e quer se tornar inspiração para outras pessoas

Aos 22 anos de idade, Verônica Hipólito teve de enfrentar diversos problemas e complicações físicas ao longo da vida. Tumores no cérebro, AVC e a perda de cerca de 90% do intestino grosso afetaram a carreira de uma jovem esportista de alto rendimento. Os dramas vividos, no entanto, não foram capazes de apagar a esperança e a força de vontade de Verônica. A história de superação parece algo surpreendente, mas parece simples a cada fala da paratleta

A sinceridade e a facilidade em se expressar tornam Verônica Hipólito como um símbolo da confiança em si mesmo. No entanto, ter em quem acreditar e recorrer quando a situação não é das melhores também é algo necessário para o ser humano. A medalhista paralímpica sabe muito bem disso, e conversou com o Olimpíada Todo Dia durante a cerimônia do Prêmio Paralímpicos 2018.

“2018 foi um ano com muitos momentos difíceis, mas que ensinaram muito. A gente tem essa péssima mania de achar que o problema é muito maior do que a solução. Sempre se foque na solução, e não no problema. Esse ano eu comecei a focar um pouco mais no problema. Foi aí que os meus amigos, principalmente os meus pais, meu namorado e meu irmão, me fizeram enxergar a solução. Eu pude ficar junto da minha família, eu aprendi a ser mais paciente. Agora, eu realmente sei que tem que ser um passo de cada vez. Sei que 2019 vai ser um ano muito difícil visto que eu estou há, praticamente, dois anos sem treinar, mas eu não desisto. Eu vou lutar até o último milésimo de segundo, até o último milímetro. Eu não vou viver o resto da minha vida pensando “e se eu tivesse feito?”. Eu sei que eu vou fazer, eu sei que vai ser o meu melhor”, comentou.

As consequências das dificuldades enfrentadas trouxeram um grande período de inatividade no esporte. A rotina de treinamentos não é a mesma, uma vez que a necessidade da plena recuperação é essencial para Verônica voltar a competir o quanto antes. A campeã mundial lamenta, mas não desiste, tem fé e comemora a melhora dos últimos tempos.

“A minha rotina é uma caixinha de surpresas. Inclusive, eu estive parada nos últimos dez dias porque eu tive um coágulo na perna. Antes disso, eu estava treinando. Mas um pouco antes, eu também tinha parado por causa de uma infecção no rosto. Sempre era isso. Eu começava a treinar, e parava. Eu fiz uma cirurgia muito delicada. É sempre tudo muito difícil. É uma semana aqui (no Prêmio Paralímpicos), é uma semana parada em casa, é uma semana no hospital. Eu sei que, de pouquinho em pouquinho, a gente vai voltando. Eu acredito que tem que ter fé. Fé que tudo vai melhorar. As coisas estão melhorando. Há alguns meses eu estava na cama deitada, não podia fazer nenhum movimento, achando que eu ia morrer. E hoje eu estou aqui, no Prêmio Paralímpicos, sendo uma das anfitriãs. Tudo melhora, sempre”, comemorou Verônica.

O momento de renovação sugere a volta por cima, o desejo de virar inspiração para quem também necessitar. Enfrentar todos os períodos adversos não foi uma tarefa das mais singelas. Claro que isto afeta o âmbito psicológico, inevitavelmente. A força individual é fundamental para mover as pessoas. Conhecer os limites e almejar superá-los a cada dia mantém vivo o desejo de alcançar objetivos. A medalhista do Parapan se fortalece a cada dificuldade enfrentada.

“Eu estou ficando mais forte. Antes, muita gente via a Verônica Hipólito como uma menina muito forte, mas talvez eu não tivesse toda essa força assim. Eu reclamava muito, eu chorava para caramba, tinha um treino e eu achava que ia morrer. Agora eu sei que a gente tem que aproveitar, literalmente, cada milésimo de segundo. Parece uma coisa clichê, parece uma coisa da boca para fora, mas não é. É alguém que passou por três cirurgias na cabeça, uma no intestino grosso, teve um AVC e foi internada várias vezes esse ano. Aproveite cada momento, dê os seu melhor, não empurre as coisas com a barriga, e faça o que você quer. Talvez um dos principais momentos da minha força esse ano, tenha sido quando eu tirei uma foto de top e shorts mostrando que eu estava 15 ou 16 quilos mais gorda, com uma barriga enorme que ainda está aqui. Mas sou eu, eu ainda estou aqui dentro, mais forte e com muito mais gana, muito mais preparada para o que der e vier”, finalizou.

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